domingo, 16 de dezembro de 2012


IMUNIDADE À CONTAMINAÇÃO DO SISTEMA ECLESIÁSTICO

         Introdução

         Queremos aqui insistir na possibilidade de harmonia entre o “melhor” do seguimento denominacional e o Reino de Deus. Não há dúvidas de que o sistema denominacional, como o conhecemos, está contaminado pelo espírito de culturas milenares que forjaram a construção ética, política, social e religiosa das sociedades e comunidades. Surge a indagação na alma daqueles que estão inseridos em alguma denominação forte e histórica: “Como posso estar imune à contaminação do sistema eclesiástico sem me insurgir contra ele ou renunciá-lo definitiva e deliberadamente?” Acreditamos que nas próximas linhas forneceremos algum equilíbrio para nortear crentes e ministros denominacionais cuja mente tem sido iluminada pelo Evangelho do Reino e a Visão Apostólica.

i-                   ESTRUTURAS OBSOLETAS DE GOVERNO ECLESIÁSTICO

Quando falamos em estruturas obsoletas, estamos nos referindo aos extremos dos episcopalismo e do congregacionalismo, dentre outros, que sobrepujam a soberania do espírito Santo no corpo de Cristo. Estes sistemas desenvolveram um conceito hierárquico totalmente discrepante e paradoxal às Escrituras, que cria homens soberbos e idolatria à posições eclesiásticas. Nesse sistema, crentes são discipulados nos moldes de uma hierarquia humanista e, por vezes, tirânica. Os interesses de Deus e do Reino são subjugados pelos interesses pessoais de auto-afirmação institucional, ou seja, se deseja mais credenciais de plástico do que a unção do Espírito. É um sistema de patentes, quase militar, uma escada de influência institucional, onde se almeja se tornar gradualmente maior com o propósito de mandar mais. Sabemos que tudo isso não condiz com os princípios contra-culturais do Reino de Deus. A maneira de sobrepujar estes velhos sistemas de pensamento, não uma insurreição revoltosa ou um rompimento radical, e sim, uma verdadeira aliança com o Reino de Deus e com toda a sua proposta. (Lc 22:24-27; Fl 2:3-4)
    
ii-                CONECTADOS COM O SISTEMA, ALIANÇADOS COM O REINO

Uma conexão é um encaixe flexível e adaptável em que ambas as partes podem interagir, porém, podem se desencaixar quando há desgastes. Já uma aliança é um pacto inquebrável e indissolúvel, estabelecido entre duas partes que deliberadamente aceitaram as condições para uma união definitiva. Nossa relação com o sistema denominacional deve estar sempre no nível de uma conexão, esperando que a mesma seja harmônica; já nossa relação com o Reino de Deus, é a única aliança que de fato jamais pode ser quebrada, pois é aliança com o próprio Rei do Reino, Jesus Cristo, Deus. A conexão com o sistema deve ser levada adiante até que o mesmo despreze arbitrária e deliberadamente a Visão e os propósitos do Reino, é exatamente aí que somos obrigados a nos posicionar favoráveis à vontade soberana de Deus, seu Reino. Podemos e devemos nos conectar com homens de Deus no nível de cobertura espiritual, mas a durabilidade dessa “conexão”, está restrita ao nível de compromisso dessa liderança espiritual com o Reino de Deus. Não há aliança espiritual com instituições e organizações humanas, ou denominações, pois esse é um conceito do sistema. As alianças são com Deus e com seus embaixadores do Reino que assumem a paternidade espiritual de vidas e ministérios (II Co 5:20).

iii-              VESTIDOS DA CULTURA ECLESIÁSTICA, REVESTIDOS DA CULTURA DO REINO

Uma das coisas mais belas das denominações é sua diversidade cultural. Cada comunidade cristã pioneira possui características litúrgicas e culturais singulares, formas de expressar seu louvor e adoração, musicalidade própria, formas de expor e pregar a palavra de Deus, maneiras diferentes de mutualidade e interação, maneiras diferentes de se vestir. Em fim, cada um de nós deve se esforçar para nos aculturarmos em nossa denominação, pois esta uma característica fundamental de que possui uma mentalidade missionária do Reino: a habilidade de aculturação. Sim, devemos nos vestir de nossa cultura denominacional, mas é da cultura do Reino de Deus que devemos nos revestir, e além de nos revestir dessa, a mesma deve ser nossa própria pele, pois uma veste pode ser trocada, mas uma pele não, a não ser que alguém seja uma “serpente”, sua pele será sempre a mesma, o Reino de Deus. (Cl 3:8-17)

iv-              O IMPÉRIO RELIGIOSO E O REINO DE DEUS

Deus implantou um Reino na terra, e não um império, e existem diferenças marcantes entre Império e Reino, e a primeira delas é que por trás de impérios sempre há a influência de Satanás, aliás, é ele quem edifica impérios. “Ele [Deus] nos tirou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor.” (Cl 1:13). Homens influenciados por Satanás constroem impérios através de seu carisma pessoal, Jesus movido pelo Espírito edifica um Reino através de sua Igreja (Mt 16:18; Lc 17:21). Jesus não disse: é chegado o império (Lc 11:20); não disse: buscai o império (Mt 6:33); Pedro não disse que somos sacerdócio imperial (I Pe 2:9); na cruz não estava escrito: imperador dos judeus (Mt 27:37); não existe na bíblia livro dos imperadores (1º e 2º Reis); Deus não mandou Samuel ungir um imperador; na coxa do Cavaleiro (Jesus Cristo) não está escrito imperador dos imperadores (Ap 19:16). No império as pessoas se sacrificam e morrem pelo imperador, no Reino o Rei morre pelas pessoas; No império o imperador e sua coorte vivem para ser servidos, no Reino o Rei e seus súditos servem; no império os fins justificam os meios, vale se corromper; no Reino os meios justificam os fins, basta obedecer ao Rei; Construtores de império somente querem dar ordens, e edificadores do Reino somente querem obedecer. Jesus deu ministros para a Igreja (Ef 4:11) e não Igreja para ministros. Jesus ungiu ministros, e não imperadores para dar seguimento na Igreja através de “monarquia hereditária”.

v-                 UM GOVERNO EPISCOPAL APOSTÓLICO

De fato, a Igreja é de Deus, mas Ele mesmo estabeleceu um episcopado sobre a Igreja, senão, vejamos: “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue.” (At 20:28). Mas note que o modelo neotestamentário de episcopado é aquele que constituído pelo Espírito Santo mediante uma liderança genuinamente apostólica. O apóstolo Paulo designou Timóteo como Bispo das igrejas de Éfeso (I Tm 1:3), e Tito como Bispo das Igrejas da ilha de Creta (Tt 1:5), e ele mesmo supervisionava à distância essas igrejas, não através do cabresto de um estatuto ou regimento institucional, mas mediante uma paternidade espiritual apostólica (I Tm 1:2, 18). Paulo não minava recursos financeiros das Igrejas para se ostentar com seu ofício de apóstolo, mas seus filhos na fé e no ministério percebiam pelo Espírito, seu compromisso de semear ofertas em sua cobertura apostólica (Fl 4:14-19; I Co 9:6-14; Gl 6:6). O que Paulo esperava de seus discípulos, é que estes transmitissem a doutrina apostólica do Reino para outros obreiros fieis, preparando-os para conservar este legado (II Tm 1:13). O apóstolo Paulo delegou ao jovem pastor (bispo) da Ilha de          Creta, a autoridade e autonomia para consagrar anciãos que seriam dirigentes das igrejas locais         (Tt1:5), mas este modelo somente passou a vigorar plenamente dessa maneira no segundo        século. Foi justamente a partir daí que os termos bispo e presbítero passaram a designar funções distintas, pois dado o         crescimento expansivo da Igreja, a liderança carecia ser descentralizada através          de um          episcopado hierárquico com bispos supervisionando presbíteros, ou seja, o bispo gradualmente, se tornou presidente do corpo de presbíteros; a este era confiada a direção das igrejas locais, e, àquele a administração da disciplina, porém, ambos exercendo o ofício          pastoral. Na visão eclesiástica de Inácio, o bispo era o símbolo da unidade cristã e o     portador da tradição          apostólica. Clementedando     ênfase à visão de Inácio declara que os bispos são          os sucessores dos apóstolos, assim o foram até o advento da Reforma Apostólica (graças à Deus). Tal conceito tem suas origens no modelo judaico em dois           aspectos: (1) Sucessão        doutrinária (os bispos receberam o ensinamento verdadeiro dos          apóstolos, assim como os profetas     de Moisés), e (2) Sucessão de ordenação (os bispos tinham sido designados pelos apóstolos e seus   sucessores em linha ininterrupta, assim como a        família de Arão). Esse governo judaico-cristão do         episcopado foi bem sucedido e triunfou até o terceiro século, trazendo tranqüilidade eclesiástica e ordem doutrinária, quando        então começaram os abusos e desmandos que geraram o “sacerdotalismo” dos tempos posteriores.

vi-              A RENOVAÇÃO DOS VELHOS ODRES
Deus não deseja destruir as denominações, e sim renová-las neste final de dispensação, para enviar-lhe o vinho novo do Espírito Santo. Esta é uma palavra profética: “Antes que eu volte minha noiva desfrutará do vinho novo, mas para isso, criarei novos odres e renovarei os velhos. Aqueles que não quiserem renovação de seus odres, simplesmente não beberão desse vinho do Meu Espírito, e aqueles que se opuserem com força serão cortados da minha mesa. Eu farei ruir o velho sistema, mas não destruirei as denominações; eu destruirei os impérios humanos e definitivamente farei sobressair o Meu Reino sobre toda a Terra. Haverá um breve período de tribulações e rejeição dos meus eleitos, mas Eu os pouparei e os farei reis e sacerdotes do Meu Reino. Os novos odres já foram criados por Mim e já estão prontos para receber, e alguns já receberão o vinho novo; agora, pelo ministério de meus apóstolos e profetas estou renovando os velhos odres, e estes desfrutarão de tempos jamais experimentados, nem mesmo por seus antepassados pioneiros. Este é um tempo de renovação, e toda a minha Igreja, cada um de meus redimidos, deve se engajar no processo de renovação. Ninguém deve ficar alheio, pois se ficarem, alguns perderão o vinho, e outros perderão a verdadeira Vida. Não temam em andar apalpando, pois eu os conduzirei neste tempo por revelação para a Recriação e Renovação de Odres Espirituais.” (Inspiração profética de 09/05/12 – Enéas Ribeiro).

Conclusão

O Senhor tem elevado seus apóstolos e profetas neste tempo a um nível de revelação espiritual jamais experimentado desde os dias de Paulo no deserto da Arábia e João na Ilha de Patmus. Nada do que o Espírito tem revelado vem em confronto com as Sagradas Escrituras, ao contrário, está trazendo luz a muitas coisas outrora ocultas. Não precisamos empreender esforços humanos e intelectuais para desencadear algum tipo de revolução religiosa, Deus está sabia e soberanamente conduzindo sua Igreja para a edificação do Reino de Deus. A queda dos impérios não é nossa responsabilidade ou nosso “ministério”. Deus nos presenteou com a honra de sermos seus embaixadores, e edificarmos seu Reino na Terra, mas somente a Ele cabe a deposição dos soberbos e a derrocada dos impérios (Dn 2:21). A Restauração de todas as coisas está diante dos nossos olhos (At 3:21). Não esteja cego. Receba em seu conhecimento espírito de sabedoria e revelação, e receba iluminação para os olhos do seu entendimento (Ef 1:16-19).


Enéas Ribeiro

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